terça-feira, 28 de abril de 2009

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Um dia você aprende...

... como diz aquele texto atribuido a William Shakespeare.


Ando aprendendo muito, talvez nunca tenha parado de aprender, mas acho que em alguns momentos estamos mais abertos ao aprendizado ou, na verdade, eu esteja mais "esperta" com as coisas...

As grandes quedas, tombos da vida, servem exatamente pra isso: pra gente aprender e ficar esperta.
Lembro que o maior tombo que levei (e muitos aqui sabem) foi realmente pra arrebentar... E lembro que minha mãe me disse "ainda bem que foi no começo, você poderia ter se decepcionado ainda mais com o passar do tempo" e sim, ela estava certa, eu me decepcionaria muito mais... não só ela disse isso, outros amigos também disseram, mas nada como o tempo para mostrar os fatos, não?
Nada como o tempo para esfriar os ânimos e fazer com que eu visse tudo com mais frieza, perceber melhor as coisas, entender melhor e ver o quanto eu poderia ter me arrebentado de modo ainda pior - e olha que não consigo ver pior do que aqueles meses que passei...


Quando escrevi ainda no outro blog sobre superar e perdoar algumas amigas comentaram falando que nunca fariam o que eu fiz, mas eu precisei, era como um teste pra mim. Eu precisava aprender mais um pouco, precisava como se tirar uma prova das coisas, não sei explicar, mas sei que precisava entender de forma clara.
Claro que não é muito simples, claro que eu às vezes fico meio decepcionada... decepciona mesmo, conferir a "sangue frio" a verdade... principalmente porque a aproximação mexe comigo, não vou mentir, mexe, sim!

E muitas vezes acho que fiz a maior besteira da minha vida! A aproximação faz bater saudade de um tempo que não existe mais e que sei que nunca existirá, só se houver um milagre... um milagre beeem poderoso, daqueles do tipo que só Santo Expedito ou uma nova aparição de Nossa Senhora em Fátima poderia mudar algo (santinhos amigos, não fiquem bravos comigo! me perdoem essa pobre coitada que de joelho rezou um bocado rss desculpem a paráfrase também!). Por tudo que já vivi e conheço, sei que só assim seria possível e ainda desconfiaria dessa mudança...
Tem horas que dói... quem mandou eu mexer na ferida?
Pelo jeito ela não estava cicatrizada, mas não vai ficar ruim de novo...
Eu acho que talvez o que eu senti e vivi nunca se repetirá com a mesma intesidade, é daquele tipo de coisa única que você vive uma vez na vida, que não tem jeito, vai marcar enquanto você conseguir se lembrar quem é... e eu vou me lembrar... com carinho ou com uma ponta de tristeza, de frustração.
Frustração porque poderia ter sido ainda melhor... mas é a velha história das escolhas e talvez sofra pelas escolhas dos outros, me preocupo demais pela escolha dos outros.
Não deveria e não vou mais, vou tentar não me contaminar porque eu sei que tudo que vivemos são as escolhas que fizemos... não dá pra ser diferente, ou você acorda pra vida ou passa ela toda reclamando de como as coisas poderiam ter sido... eu não quero mais reclamar da minha vida.
Eu quero vivê-la.
Eu não quero mais ficar triste pela decisão dos outros: ela não é minha e eu não posso mudar, eu tenho que seguir sempre e ficar, sim, muito esperta e sempre ter isso em mente: não posso mudar minha vida a partir das escolhas que não dependem de mim. As que dependerem que eu possa fazer o melhor possível, principalmente perceber o momento certo das escolhas certas e o restante é tomar cuidado.
É querer o bem dos outros, mas saber realmente que não posso mais contar com eles...
Que eu não posso me enganar outra vez por tudo que já passei... até me lembrei dessa música dos Paralamas:

MESMO QUERENDO/EU NãO VOU ME ENGANAR/EU CONHEçO OS SEUS PASSOS/EU VEJO OS SEUS ERROS/ NãO Há NADA DE NOVO/AINDA SOMOS IGUAIS/ENTãO NãO ME CHAME/NãO OLHE PRá TRáS...

E ver os erros bem vistos, conhecer os passos é tão triste... porque realmente a pessoa não muda e deve agir assim ad infinitum... e dói, dói porque eu gosto demais dessa pessoa e não adianta eu dizer se ela não quer ouvir...

EU QUIS DIZER/VOCê NãO QUIS ESCUTAR/AGORA NãO PEçA/NãO ME FAçA PROMESSAS...

****
Meu Erro (Paralamas do Sucesso)
EU QUIS DIZER
VOCê NãO QUIS ESCUTAR
AGORA NãO PEçA
NãO ME FAçA PROMESSAS...

EU NãO QUERO TE VER
NEM QUERO ACREDITAR
QUE VAI SER DIFERENTE
QUE TUDO MUDOU...

VOCê DIZ NãO SABERO QUE HOUVE DE ERRADO
E O MEU ERRO FOI CRER
QUE ESTAR AO SEU LADO
BASTARIA...
AH, MEU DEUS!
ERA TUDO O QUE EU QUERIA
EU DIZIA O SEU NOME
NãO ME ABANDONE...

MESMO QUERENDO
EU NãO VOU ME ENGANAR
EU CONHEçO OS SEUS PASSOS
EU VEJO OS SEUS ERROS
NãO Há NADA DE NOVO
AINDA SOMOS IGUAIS
ENTãO NãO ME CHAME
NãO OLHE PRá TRáS...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ensinando Rock 'n Roll

Tenho alguns alunos que são fãs de rock, muitos gostam dessas bandas que mal conheço, mas quando reconheço e é algo "do meu tempo" é até divertido...

M@rc*s P@ul* ouvindo seu mp3 play no último (no ouvido), era Guns n Roses e eu "isso é Guns! eu tô ouvindo daqui! vai ficar surdo desse jeito! quando você for falar com a Be@triz (namorada dele) e ela te pergutar vai ser assim: "an? o quê?" e ele "an? o quê?"

Ele viu minha camiseta do Radiohead e ... "professora! você vai no show!"
Eu: "já fui, foi domingo" "putz! perdi!"

Hoje:
Ele: &Tukey is not do be oquei...&
Eu: Liiindo seu inglês! Sotaque britânico perfeito! Igualzinho do Oasis!"
Ele: Ah professora conhece!!! Manja tudo!
E continua ele cantando desse jeito enrolado...
Eu: Liam Gallagher está aqui aprendendo português!

Eu: M@rc*os, repete comigo:
Today!
Ele: Tukey!
Eu: Não! Today!
Ele: Today!
Eu: Isso! Agora: is gonna be the day!
Ele: is go to win the sei
Eu: não, "is gonna"!
Ele: is gonna!
Eu: Today is gonna be the day!
Ele: Today is gonna be the day!
Eu: ISSO!!! MUITO BEM!

Em outra aula, pra turma da namorada dele e ele na porta da sala dela:
Eu: Canta pra Be@triz agora!
Ele olhando pra ela: Ah! Today is gonna be the day! (e enrola todo o resto...)
Eu: O próximo te ensino depois... Cada dia te ensino um verso! rss
Be@triz: o que é isso? Blink?
Ele: não, Oasis!

Enquanto estava esperando a professora sair da sala dela, via os dois ali se abraçando e pensava "então, preciso ensinar pra ele "I don't believe that anybody/Feels the way I do about you now" e "And after all/You're my wonderwall" rss

***
alunos da sala da "Bia" ouvindo um som, achando que eu não sabia o que era...
"Gente, desliguem o LinkPark!"
Eles: OLHAAAAAA! AEEEE PROFESSORAAA!!!

sábado, 11 de abril de 2009

Eu sou do contra

Ou vejamos...

Segunda-feira, no quadro "Proteste Já" do CQC, apesar de entender o contexto: se a prefeitura promete, tem que cumprir e dar o material para as crianças, eu fui contra não à matéria, mas contra as pessoas.

Explico.
Moro no findomundo e sei muito bem o quanto pobre gosta de se fazer de vítima, mas tem o celularzão na mão... como uma das mães que lá reclamava que a filha estava sem material e a professora já tinha reclamada com a menina.
No mínimo, a filha também vai com celular , mp3 e outras tranqueiras para escola, comprar uma caneta a o,50 centavos é que não é crime...
Entendo que o ponto de vista do programa é mostrar que se resolveram oferecer toda essa moleza pra esse povo fã das Casas Bahia e afixionado em crediário, vão ter que cumprir com a palavra...

Percebam - eu gravei e tenho aqui a fita do programa - que as crianças estão todas com mochilas novinhas e com fichários (que são mais caros que cadernos) elas realmente não tem material e nem dinheiro pra comprar? Precisam brigar dizendo que não tem nem caneta na escola? Ou a escola não dá a caneta cheia de fru-frus da Hello Kitty?
Eu convivo todo dia com isso... não vão me enganar... podem enganar o pessoal do CQC, não a mim... a mim ninguém se faz de coitado...

Acredito que muito desse "assistencialismo" começou como uma forma de inclusão aos mais pobres que realmente não tem nem o que comer, só que eu conheço muito bem esse povo e sei o quanto se aproveitam: dá a mão, querem o pé...
Conheço professores que dão aula na prefeitura e eles sempre contam que na lista do uniforme, quando os alunos trazem com a numeração, preenchida pelos pais está "tênis 42, camiseta GG" e aí você vê pela rua a todo momento adultos usando o uniforme que seriam das crianças
"O governo tá dando! vamos aproveitar!"
A maldita "Lei de Gerson".
Alguns professores me contaram que no período da noite, em que há o EJA (antigo Mobral), pais e filhos se matriculam para o curso com uma única intenção: jantar, mas não porque passam fome e sim porque a mãe da casa diz: "eu que não vou ficar fazendo janta!"

Parece que eu estou surtando aqui... mas é a pura verdade...
Eu tenho um texto pronto - na verdade, terei que separar em episódios - sobre a periferia e mostrando que ninguém é tão coitadinho assim, principalmente se tem celular, mp3, tv de plasma em casa...
Escrevi esse texto quando fiquei sem internet, graças à maravilhosa telefônica (e essa semana fiquei 2 dias de novo sem... e escrevi os shows do keane e do radiohead rss).

Não tenho dó ou pena da maioria das pessoas que moram na periferia porque a grande maioria segue lei de Gerson e são um bando de preguiçosos!
Claro, não vou generalizar, existem pessoas realmente pobres e que precisam desses benefícios que governantes acabam dando, mas os benefícios deveriam ser melhor fiscalizados... como o leite que já deu tantos problemas...
O certo seria "só leva leite pra casa a criança que tem boas notas" aí você ia ver como a educação ia pra frente... enquanto for "quem não falta à escola", será sempre depósito de crianças...
Que fazem da lata de leite bola na quadra da escola ou na rua... já vi tanto isso... a lata toda estrupiada com a criançada zuando...
Estão realmente precisando de leite? Estão passando fome?
Brasileiro é um povo muito do sem caráter! Muito sem vergonha na cara!

quarta-feira, 8 de abril de 2009


Isso é o que os alunos fazem com o material que recebem...


Reparem no detalhe, parte de cima, apostila queimada com cigarro...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

viajar é preciso - parte 1

Lá venho eu aqui contar mais viagens que andei fazendo...
Fui passar o Reveillon em Petrópolis. Como eu não sou fã do tumulto, gosto de praia, mas não da muvuca. Era uma das melhores escolhas.
E lá fomos nós (eu e Garota no Hall) para Petrópolis de ônibus, só existe uma única linha para lá saindo de São Paulo e é sempre à noite. O que é bom por não se perder o dia na viagem, mas muito ruim por não se dormir bem ou não se dormir.
A viagem foi tranquila, talvez não tão tranquila pros demais passageiros que perceberam sermos as duas únicas que não paravam de falar enquanto os outros queriam dormir rsChegamos dois dias antes do ano novo. E bem cedo à cidade. A neblina já se mostrava presente. Da rodoviária para o albergue onde ficamos deu pra perceber que a cidade está bem descaracterizada, as casinhas estilo alemão são algumas no meio da modernidade e do comércio de malharia, que é forte na cidade. Muitos morros.
Lá já tem bilhete único, percebi que o Brasil inteiro já deve estar nessa moda, claro que lá não dura 3 horas uma passagem como aqui, mas uma já é muito bom pelo tamanho da cidade.
O ônibus metropolitano nos deixou perto do famoso Hotel Quitandinha, imponente, enorme e é só olha pra ele e dizer: UAU! Tivemos que subir um morro pra achar nosso albergue. Minha primeira vez dando uma de mochileira. Subir morro com mochila não é legal.Tomamos um cafezão no albergue - já estavam servindo.
E fomos dormir...
Quando acordei, olhei pela janela e vi um sol bom, só que uma nuvem chegava... as poucos a neblina tomava conta... Nunca tinha visto neblina assim, era como uma fumaça que te engole... e aí fiquei com raiva: todas minhas roupas de calor iam encalhar e estava com raiva de ter tirado uma calça jeans da mochila pra ter mais espaço, ela ia me fazer falta...
Perguntamos se serviam almoço no albergue e aí começaram meus temores com o albergue...
O quarto não deveria ser limpo há muito tempo... o cheiro de bolor/mofo era forte... ficamos num chalé que por fora parecia muito legal! Tinha quartos, um nós divimos e os outros estavam vazios... comecei a sentir falta da minha malinha de rodinhas: se não íamos dividir quarto com estranhos, não precisava carregar nada nas costas...

o almoço do terror
A dona do albergue nos convidou pra almoçar com ela, pensei "são bem hospitaleiros" apesar de tê-la achado meio mal-educada... meio irritadinha... nervosinha...
Bem, e aí chega o prato com feijão preto argh! eu odeio feijão preto! Odeio feijoada... como feijão muito pouco... mas o pior estava por vir. A cozinheira trouxe a minha "mistura" um grande pedaço de pelanca sem carne! Sim!!!!
Sabem aquele pedaço da costela que é uma espécie de gordura que parece que serve para "encapar" a carne?
Pois é... só tipa a capa, nada de "conteúdo", pensei que estava no meio de um grande pesadelo, o que era aquilo? Pegadinha? Aquela moça da cozinha não viu que me serviu pelanca???? Senti um grande nojo da comida e comi o arroz com o feijão de má vontade, apesar da fome...
Garota no Hall se deu bem, só come peixe (e eu odeio peixe rs) e lhe serviram um pedaço de bacalhau e salada de tomate. O qual ela dividiu comigo!
Thank you, God!
Nunca fui tão feliz comendo tomate na vida!!! (e ele tem pontuação "zero" na dieta dos pontos! rs)

Deram para nós os horários que as duas linhas de ônibus passavam ali na frente do albergue (pelo menos isso). E fomos conhecer o "Centro histórico" da cidade.Primeiro erramos o ponto do ônibus, pensamos que era aquela lá embaixo, de onde viemos, perto do Hotel Quitandinha, e pegamos um bus errado... fomos parar novamente na rodoviária e me lembrei do turista no ônibus de velocidade máxima: "ah, mas o aeroporto eu já conheço!" é, eu já conhecia a rodoviária...
Pegamos o bus certo e fomos andar pelo centro, logo avistamos a estátua de Dom Pedro II na praça, turistas tiravam fotos com ele, resolvemos deixar isso pra outra hora... Logo achamos o Museu Imperial, majestoso. Um jardim enorme, um lugar que, por fora, já parecia lindo.

Museu Imperial
Todo mundo só entra de pantufa no pé, muita gente para visitar o museu naquela tarde de terça-feira, 30 de dezembro. A maior parte dos cômodos está aberta à visitação, é como se você seguisse uma linha já demarcada e fosse conhecer a casa em o Dom Pedro e família viveram. Cada cômodo tem seu nome e para que servia na época, por exemplo, um quarto de costura onde as mulheres se reuniam para fazer bordados e conversar enquanto os homens conversavam e fumavam em outra sala. Os móveis são belíssimos, quadros, tapetes... tudo, pra mim, fazia uma grande conexão com o Museu Paulista (do Ipiranga).
Só que eu estava ansiosa para saber se um determinado objeto se encontrava lá: o primeiro telefone do Brasil e da América Latina.Andamos por todos os cômodos, quartos, salas (a cozinha ficava do lado de fora), tudo seguindo já um esquema traçado. Infelizmente nada podia ser fotografado lá dentro e quando chegamos ao escritório de D. Pedro II lá estava o que eu queria, o telefone! Sim, ele estava lá em cima da escrivaninha... fiquei encantada... outra coisa que me encantou foi um "toucador" da princesa Leopoldina, o espelho era todo decorado com pedrarias... maravilhoso! Que comichão de tirar uma foto, mas minha câmera estava no guarda volumes... Tentei tirar fotos do lado de fora da sala de música, pela janela, mas o vidro refletia... até consegui alguns relances... mas o telefone e o toucador ficavam no andar de cima...
O jardim também era encantador, grande... fiquei pensando na família real morando ali, passeando naquele jardim, encontrando amigos no inverno - que era quando preferiam ir pra lá - saiam do Rio. Um salão grande do lado de fora tinha carruagens e parte de uma maria fumaça... não sei se era aquele lugar a cozinha, só indicavam que naquela época as cozinhas eram fora das casas... não sei se para não ter o cheiro da comida ou o quê...
Foi um passeio muito bom, demos mais uma olhada pelos arredores, em frente é a câmara dos vereadores da cidade e um pouco mais pra frente, a casa de pessoas ilustres, como o Barão de Mauá e a casa da Princesa Isabel, além da Igreja da cidade, São Pedro de Alcântara, estilo gótico, mas estava fechada naquele horário. O importante é que já sabíamos onde era. Daí começamos novo dilema para comer... incrível como foi problemático comer em Petrópolis, um almoço terrível e uma dificuldade para encontrar um lugarzinho bom. Só encontrávamos boteco... padaria com cara de boteco e uma pastelaria que não fritava pastel na hora (acha? rs). Quase comemos no McDonald's, para nossa felicidade, finalmente, do outro lado da rua, quase em frente ao Mc, uma cantina para nos salvar!!!!
Comemos com muito gosto uma lasanha, estava deliciosa ou minha fome estava me matando... não, era um delícia mesmo a lasanha.O melhor de tudo é que era muito barato!

É engraçado, todos os lugares fora de São Paulo a comida é muito barata pra mim rss (são paulo que é uma cidade de comida muito cara!)
Voltamos mais felizes para o albergue. O bom é que tínhamos tv no quarto com tv a cabo, não muito canais, mas aproveitamos um de filmes dublados, melhor que nada...
Durante à noite, tivemos uma visita, um sapinho (eu vou saber se era rã, perereca ou sapo?) no banheiro.
E agora para irmos ao banheiro?
O bichinho pulava, não é um bicho pra se ter medo, mas os pulos assustam rss
Deixamos a nossa amiga perereca lá queitinha e no outro dia não estava mais lá, providenciei todas as noites de fechar a janela do banheiro...
Falando em banheiro, o chuveiro esquentava muito mal... reclamamos e nos olharam com cara de espanto "como não funciona? você tem que esperar e deixar quase fechado" sim, igual aos chuveiros velhos de casa que eu odiava...

Segundo dia
No outro dia fomos conhecer mais um pouco da cidade e para nossa surpresa a maior parte dos lugares, por ser véspera de ano novo, estavam fechados "como assim? nem abrirem até meio dia ou deixarem um recado abriremos novamente só na semana que vem?" nada!
A casa de cristal foi uma que fiquei com ódio: nem uma informaçãozinha de quando reabririam, ou se abririam nesse milênio... nada... nem ninguém para informar... nem um guardinha! o muro era tão baixinho perto do rio que, se eu quisesse, teria pulado e ido tirar fotos de perto!
A casa de Santos Dummont também estava fechada... hunf! fica perto do relógio de flores que não tem como fechar rs e foi ali que recebi um torpedo que tive vontade de jogar meu celular longe, ou de pisar com os dois pés, pulando como uma louca nele... eu quase chorei de raiva... frustração mode on... mas passou, não ia estragar meu passeio, ia?

Andando pela cidade, encontramos um Museu Militar em reforma, mas que podíamos entrar para ver o terreno... lá, com grande surpresa, encontramos o Museu da FEB de Petrópolis... com toda a história dos pracinhas da cidade que foram para a segunda guerra mundial.
Um museu pequeninho que abriga as memórias dos poucos senhores que restam e que se reunem sempre por lá, com data para reuniões e tudo mais.
Encontramos um senhor que foi para Monte Castelo, ele disse que sempre aparece por lá para contar as histórias aos turistas.
Ficamos encantadas... fiquei imaginando os filmes de guerra que já vi e fiquei pensando no que aquele senhor de 86 anos poderia ter passado.
Ele preferiu contar sobre a primeira e única namorada que deixou aqui com um dinheiro para que ela comprasse um presente, ele não sabia se ia voltar...
A primeira e única namorada com quem ele casou e vivia há mais de 60 anos... que ele disse ter se apaixonado várias vezes por ela: quando se conheceram, quando se casaram, nos 25 anos, nos 50 e nos 60... não se fazem mais casais como antigamente... (que inveja! rs)
Eu juro que babei numa roupa de soldado nazista, é claro que tirei fotos! lá se podia tirar e me esbaldei!Estar tão perto da história me deixa excitada! Ver aqueles símbolos da SS no casaco nazista me impressioram... "então essa é de verdade! uau!"
Os senhores que trabalham no Museu, muito mais como voluntários, um é filho de um dos pracinhas, nos indicou outros lugares para conhecer... falou dos pontos altos, da vista e fomos a pé até o Trono Luminoso de Fátima.

Andamos bem por uma estradinha cheia de curvas, a cada curva, a estrada continuava... sempre esperávamos que fosse o finalrssAté chegarmos ao alto e encontrarmos uma imagem grande de Nossa Senhora de Fátima, numa espécie de capelinha, no alto... de onde se via boa parte da cidade e principalmente, de um dos ângulos o cemitário da cidade.
O rapaz que trabalha na lanchonete e onde se vende os souvenirs nos contou como foi feita a estátua, que foi trazida sendo puxada do alto, que levou um bom tempo... alguns dias... contou a simbologia de cada ângulo, do número de escadas, tudo tinha a ver com alguma simbologia católica. Contou das procissões e que haveria uma queima de fogos ali.Embaixo dessa imagem há realmente uma capela. O moço também nos mostrou um local para almoços comunitários para ajudar a paróquia (ou seria a diocese? sorry! sou ignorante nisso!)
Uma das coisas mais legais de se ver ao longe é igreja de São Pedro de Alcântara que foi construida de forma criativa: ela fica como se fosse onde começa o rio da cidade... parece que depois dela, o rio corre...
Depois de muito andar, por toda essa parte, voltamos ao centro para "jantar". Era sempre assim, acordávamos tarde, tomávamos café que já servia de almoço... eu comíamos algo para enganar a fome, como uma maçã que eu sempre guardava do café e jantávamos umas 6 quase 7 e voltávamos pro albergue.
Aquele dia encontramos um Bobs no centro e é claro que eu não dispensei meu milk shake de ovomaltine...
Queríamos ir a um local chamado "Nas Nuvens" que tem uma vista incrível e que conta com uma pizzaria... mas infelizmente estava fechado...
Ficamos de boca aberta de ver como o centro fervia na véspera de ano novo: vários ônibus iriam descer para a queima de fogos em Copacabana, era só uma hora dali... a cidade ia se esvaziar... ficaríamos, nós, os turistas, sem comida rs

Reveillon com ceia no albergue, a comida estava boa, os fogos ficaram bonitos e percebi que a cidade pouco estardalhaço fez. Que delícia! Não é aquele inferno de não parar de soltar bombas por vários dias como aqui.
Quando fomos para o nosso chalézinho levamos um susto, tinha luz no banheiro! Não poderia ser nossa amiga perereca! Apavoradas, pois nosso chalé era isolado, fomos conversar com o dono que nos explicou que um canadense havia chegado e ficaria num dos quartos. Que susto!
O senhor canadense, muito estranho, ficou no mesmo chalé e foi triste saber que agora teríamos companhia por ali...mesmo que nosso quarto continuasse nosso, parecia que a "casa" toda era rs

O que fazer num feriado com a cidade praticamente toda fechada? Nenhum lugar aberto...
O senhor do albergue que ensinava o seu "periquito australiano" (não lembro qual é o nome certo da ave...) cantar o hino nacional e deixa ele e o papagaio soltos pelo quintal, passeando, nos falou sobre uma trilha de uma pedra que ficava bem em cima da gente.Sem nada pra fazer, topamos, que mal tinha?
O tempo sempre contra mim estava com cara de chuva, levei o guarda-chuva para fazer a tal trilha... recebemos o mapa e fomos nós... desbravando Petrópolis, ou melhor, aquele morro... Algumas casas pelo caminho e a subida ia aumentando... ao longe se via a paisagem de morros e alguns casas... um campinho de futebol no alto de outra parte do morro... queria saber como era quando a bola ia longe...

... para o alto e avante!
E subimos, subimos, subimos... muito lugar íngreme, muito lugar cheio de barro, mato, pedras quase soltas, medo de cair em alguns pontos e levamos pelo menos uma hora para chegar ao final da pedra...
Vimos o Quitandinha lá debaixo e boa parte da cidade, só que eu não fiquei feliz: o homem do albergue disse que dava pra ver a cidade do Rio de lá! Só se for o rio da cidade de Petrópolis, hunf! tanto esforço pra ver uma neblina nos envolvendo... que foi o que aconteceu...
Fora o sol, sim, o sol saiu... e eu sem protetor solar...
Voltamos depois de 2 horas de tanto andar, o papagaio todo dado veio pular no meu ombro, adorei dar uma de Jackie Sparrow! E comecei a perceber o estrago: estava ficando vermelha como um pimentão!!! O que faríamos pra passar o resto da tarde?
Vimos do alto que tinha gente em pedalinhos no lago do lado do Quitandinha. Fomos passear de pedalinho, coisa que eu nunca tinha feito antes... Enquanto Garota no Hall dirigia, eu tirava milhões de fotos. Depois descobrimos que o restaurante que havia ali iria fechar, não poderíamos comer nem um lanchinho! E no Hotel também não havia restaurante aberto...
O jeito era ir novamente procurar no centro...Os donos do albergue nos falaram de um lugar alemão que ficaria aberto, só ele, e teríamos que pegar táxi, ninguém soube nos dizer que tipo de comida esse lugar tinha (será que paulista é tão chato com comida como italiano? se não for boa, não come? rs), não conseguiam nos definir se era um bar com porções ou restaurante, se serviam pratos ou só lanches... preferimos correr o risco de ir pro centro, onde acontecia a festa de posse do novo prefeito com direito a show de umas porcarias do pagode...
No ponto de ônibus, encontramos um casal que estava também no albergue e era do Rio, falaram que também não estavam gostando do albergue e estavam também desacreditados que tudo na cidade estava fechado e que não tinham onde comer... o rapaz também parecia traumatizado com o almoço que lhe fora oferecido no albergue - é, esse é 'o albergue' rss - reclamamos da falta de opção da cidade.
Se sabem que há turistas, por que fecham tudo? Eles tinham aproveitado menos que nós: até o museu estava fechado quando foram...Encontramos um Spoletto aberto! Nossa salvação do feriado!

Quarto dia
Resolvemos fazer os últimos passeios antes de irmos embora, com as mochilas nas costas agora, novamente a Casa de Cristal estava fechada e sem nenhum informação, a casa de Santos Dummont estava aberta, mas era a "hora do rush dos turistas" uma casa pequeninha com tanta gente, mal vimos...
Comprei lembracinhas, difícil achar lembracinhas por lá... até o vendedores tiraram férias... teve um na frente da igreja que foi embora porque achou o movimento fraco, azar o dele: não vendeu pra mim!Procuramos mais algumas coisas para ver e tinhámos visto uma placa de uma loja de coisas artesanais, parecia ficar numa galeria, andamos pra caramba pra chegar lá pra ouvir uma moça de outra loja dizer: ah! eles não estão mais aqui, só tem a placa!
Que legal! só a placa! que tal tirá-la, hein?
Outra coisa é a falta de placas nas ruas, falta de sinalização, onde fica o quê... complicado saber se não conhece bem a cidade... só o centro é bem "informado".
Muito cansadas e eu totalmente corroída pelo sol do dia anterior, não aguentava mais carregar minha mochila, machucava onde havia me queimado - braços, as costas... - estava queimando literalmente dentro da calça e da jaqueta, que apesar do calor eu coloquei pra não me queimar mais e nem machucar a pele...
O bus só sairia às 11 da noite, como o da vinda, mesmo assim 7 horas estávamos quase chegando lá na rodoviária... passamos o tempo conversando, vendo lojinhas... com a minha pele toda devorada pelo sol só queria ir no banheiro e encher minha pele de pomada...
O passeio foi divertido, a cidade é muito gostosa - deve ser deliciosa no inverno que eu adoro!Mas apesar de ser uma cidade turística, deve muito aos turistas, principalmente no quesito informação: como dizer um lugar de grande visitação sem um papel pregado "só abrimos tal dia, estamos em reforma" ou coisa assim?
Como um restaurante tão comentado pela paisagem fecha no dia de ano novo por conta da posse do novo prefeito? São coisas que na minha cabeça cosmopolita não entram... talvez exatamente por sempre viver em uma cidade tão grande não consiga conceber como é um lugar de comida que fecha no feriado... é o dia que mais fregueses se tem aqui em Sampa!
Ninguém quer cozinhar... todo mundo sai pra comer fora! E lá, todo mundo come "dentro" - de casa rs
O albergue me impressionou pela sujeira e por ser tão mal cuidado, um lugar muito lindinho, mas é só lindinho nos arredores da recepção... Os cariocas nos disseram que o quarto deles tinha infiltração... será que nunca vistoriam isso? O primeiro dia eu pensei que ia morrer sufocada de tanto cheiro de mofo daquela cama beliche que eu dormia embaixo, fui obrigada a dormir na outra em cima para não sentir tanto o abafamento misturado ao mofo...

Gostei de Petrópolis, mas gostaria muito mais se cuidassem melhor da parte turística, com informações precisas e que o albergue não tivesse quartos tão limpinhos só na foto do site...